quarta-feira, 9 de junho de 2010

DESCALÇO




Correndo como louco
Descalço, sentindo sob meus pés a relva e os espinhos
Alçando vôo
Sobrevoando o chão, meu dorso contra o chão
Nu, descalço
A terra sangra sua face aberta em um toque cirúrgico
Expondo o ventre
Nu, aberto a céu livre
Meu dorso toca sua ferida
Meus pés descalços tocando teu ventre
Nu, roçando tua face
Um doce toque e meu corpo
Aterrissa como a um albatroz desajeitado
Rangendo meus dentes, envolto em poeira
Rolando em teu sangue exposto ao céu
Descalço teu sangue sob meus pés
E louco volto a caminhar
Errante, vagando como um lobo sombrio sem alcatéia
Correndo e querendo alçar vôo
Sobre tua cicatriz