quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

ASCENSÃO


Ali, agarrado a um último fio de esperança
Em pleno desespero, esperneando.
Sufocado, agarrado ao passado
Sem chances, sem destino
Não há fuga, não há retorno
Apenas o desespero da queda
A mão desliza pelo fio tênue
Aproximando-o de seu fim
A agonia bate, debate, chora...
Os músculos retesam, gritam, fadigam
O esforço é intenso, monstruoso
E no suspiro final seu corpo lançado
Caindo, caindo, fluindo, fluindo
Entrega-se ao fundo e oculto
Abismo de amor. 
Sorri...

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

FEBRE


Sentado, imóvel à beira do penhasco
Meu rosto queima ao sol
A brisa salgada beija minha pele

Imóvel, meus olhos contemplam
E por estarem ali, brilham
Minha mente devaneia

Meu peito infla de coisas
Coisas boas e tortas
Felizes e infinitas

Meu pulso acelera, fecho os olhos
Sinto, sinto forte a febre que queima
Febre que não pode ser medida

Nem nos lábios, nem na pele
Febre que queima e afaga
E o pulso que acalma

Tambor da vida pulsante
Febre que o devora
Sorriso que aflora

Assim sou eu,
Sentado, imóvel a beira do penhasco
Pensando em ti.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Alma



Deitado vi minha alma
Alma de muitas formas
Alma de afeto
Alma adormecida
Alma livre
Alma pura
Deitado vi minha alma
Olhos cerrados e peito aberto
Muitas formas possui minha alma
Vazia, incompreendida 
Afável e sem afeto
Lindamente presa a esperanças
Tingida pelo ego
Alma escura
Alma fria
Alma, alma, alma...
Etérea e intocável alma
Alma que anseia
Dividir-se, compartilhar, unificar...

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Espera



Tem dias que é assim, o sol raia no horizonte,
Despertando a alma sonhadora.
Incomodada, vira-se pro outro lado querendo ainda sonhar

Já não há mais tempo e forçada abre os olhos.
Olha ao redor e vê seu sonho desvanecer,
Com suas mãos inutilmente tenta agarrá-los.

Eles vão a alma fica, retina na realidade.
Realidade, verdade da alma.
Olhando ao redor sem sonhos, sem teu rosto.

Tudo é meio triste, meio vago.
Vazio e com o passar dos dias a alma se aquieta.
Sentada na varanda ansiosa, espera pacientemente.

Um sorriso, um olhar nada mais, espera
E quando já não há esperança 
O sol poente vem mostrar que novamente é hora de sonhar.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Sensações


A imagem de tua partida é triste
Falta-me o ar, o chão
Lembro-me dos segundos antes
Aqueles breves segundos
Em que os sorrisos iluminavam a sala
As conversas eram doces burburinhos
O afeto reinava...
A imagem de tua partida é triste
Sensação de não vê-lo mais
De ser um último adeus.
E lembro-me de outras partidas
De sentir menos intenso essas emoções
Lembro-me também de seu retorno
E de novos sorrisos e burburinhos
Da conversa fiada, trivialidades
Da espera, da catarse...
Partida, chegada,
Sorrisos e um leve vazio.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Pecados Íntimos


Pecados que me rodeiam
Fazendo de ti meu doce desejo
Intimamente envolto em teu sorriso
Meiguice que silencia ao olhar
Meu corpo pesando sobre o teu
Sonhos concretizados
Seu corpo sobre o meu
Visão divina, teu sorriso
O cabelo que balança ao movimento
Pecados que nos rodeiam
Intimamente entrelaçados
No doce toque dos dedos
No quente toque de teus lábios
Os sonhos que silenciam
A realidade que precipita-se 
Sorrisos, olhares, desejos...
Apenas meu e teu 
São nossos pecados íntimos.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

VEJO



Te vejo, te sinto, devoro-te
Sabor único, sabor de vida
Com meus olhos devoro-te
Meus ouvidos, meu tato, minha mente
Devoram, devoram os sonhos, a alma...
Te vejo, e devorando-te eu me perco
Perdido sem rumo, encontro-me em ti
E nesse reencontro, renascimento
Perder, encontrar, renascer
Absorver teu abraço
Cegar com teu sorriso
Morrer e renascer, contextos distintos
Uníssono no peito, no leito
Entrelaçado, renascimento
Perda e ganho assim é
Te vejo...