quinta-feira, 4 de novembro de 2010

ESQUECIMENTO




A brisa que suave acalenta


A duna que sofocada pelo sol anseia seu alento


Acalentar é divino, anjo de paz e candura


O coração a muito sofrido, retorcido e ressequido


Inerte espera seu alento


Doce toque, como seiva faz renascer


Sofredor imóvel a rejuvenescer


Hora dominado, retraído, subjulgado pelo tempo


O pó nas entranhas e o alento?

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

SAQUAREMA



O sorriso lhe tece a face


Que rubra já não esconde a euforia


Quem me dera viver em Saquarema


E meus olhos em teu mar repousar


Teu sorriso seria a luz do dia


E teus cabelos a brisa suave da noite


O encanto seria minha doce harmonia


Que de tuas mãos a vida teceria


Como uma roca de fiar


O destino, tecido seria


E de tuas mãos brotariam o dia


Teu sorriso o sol seria


Que sulcado na fina tela


Eternizado em aquarela


Do pó ao pó, do sol ao mar


Teu sorriso ainda resiste


No mesmo sol que descobriste


No mar de Saquarema a repousar


( Dedicado a uma pessoa especial que acabei de conhecer nesses acasos do destino que só o próprio destino pode explicar. Para você querida Ana Miguel )

sábado, 28 de agosto de 2010

DESOLADO


Consumido pela dor


Teu olhar que era alento


Hoje só lembrança


A dor me consome. Dor?


Ah, Dor! Tirana dor


Que em meu peito corrosiva


A minha alma já definha


Sem teu olhar de alento


Guerreiro inocente que da luz


A alegria se faz


Livra-me da tirania


Que corrosiva e convulsiva


Meu peito ainda habita


Que de teus olhares me faz privar.

PASSA PASSARINHO


Que de alegria, vive o passarinho


Que do passado, passou o passarinho


Perdeu seu ninho, passou a alegria


De alegria passou; passou pela tristeza


Do passado, passara o passarinho


O passarinho... que de passo em passo


Já não canta, já não voa para o ninho


Que passado fora um dia seu destino


Passado passou o passarinho.

sábado, 21 de agosto de 2010

Saudade


Cavalgando no frio ar


A escuridão tece seu véu.


Cravejando o horizonte azul


As estrelas anunciam sua Senhora


O coração estremece, aterrorizado


Recolhido em sua cela


Contempla a soberana Senhora


Solitário, almeja o calor


Calor de teu semelhante


Distante, neste momento ausente


Mas vivo em seu cativeiro


De grades frágeis porém frias.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

DESCALÇO




Correndo como louco
Descalço, sentindo sob meus pés a relva e os espinhos
Alçando vôo
Sobrevoando o chão, meu dorso contra o chão
Nu, descalço
A terra sangra sua face aberta em um toque cirúrgico
Expondo o ventre
Nu, aberto a céu livre
Meu dorso toca sua ferida
Meus pés descalços tocando teu ventre
Nu, roçando tua face
Um doce toque e meu corpo
Aterrissa como a um albatroz desajeitado
Rangendo meus dentes, envolto em poeira
Rolando em teu sangue exposto ao céu
Descalço teu sangue sob meus pés
E louco volto a caminhar
Errante, vagando como um lobo sombrio sem alcatéia
Correndo e querendo alçar vôo
Sobre tua cicatriz

sexta-feira, 28 de maio de 2010

DOCE BEIJO




Oh, Esteno
Que de meus sonhos
Revela-me a face oculta do ser
No vale dos ossos andei
A face da morte afaguei
Sina cruel a minha
Condenado ao beijo da Dama
E escravo de suas citações
Um mortal, vagando entre os mundos
Mensageiro derradeiro de seu beijo
Oh, Esteno
Em meus sonhos faz-se presente
Dama de doce face
Ceifeira de sonhos
Amiga e algoz
Condenado a ser mensageiro
Mensageiro de teus beijos
Esperando de ti meu próprio beijo
Em minha face tocar
Oh, Esteno..

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Idéia!!




Não tenho idéia.
O que vou escrever?
Sílabas, letras, palavras...
Tantas possibilidades,
E nem uma inspiração.
Ó dúvida cruel!
Já sei, lápis é um boa palavra...
... E daí, não dá poema.
Pode no máximo dar pobrema,
Pobrema de grafia.
Meu Deus! Pobrema...?
... voltando. Lápis e borracha dá poema.
Um escreve e a outra apaga.
Para ser consertado.
Afinal é concerto ou conserto?
Não importa, a borracha está aí.
Apagar e "concertar".
Só não posso apagar meu passado.
Bem, então vou seguindo,
Entre erros e acertos.
Nessa vida de lápis e borracha.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Metamorfose




Às vezes sou gato outras cão

Em outros momentos sou apenas o vento

Para simplesmente poder tocar tua face

Às vezes tempestade que devora o solo

Erosão que consome o coração desolado

Levando a loucura o pobre desabrigado

Às vezes sol que aquece o oprimido

E castiga o desatento

Cravando meus raios até os ossos

Ressecando a alma e fazendo dos sonhos pó

Às vezes carnívoro para devorar-te até os ossos

E provar de tua doce seiva vital

Outras vezes apenas uma criança

Querendo colo e atenção

Assim às vezes sou eu

Uma metamorfose, um ser amorfo

Perdido dentro de um corpo mórfico

Ás vezes...

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Fator Esperança




De esperar morreu o sonho

Na esperança do dito maldito

Quem espera sempre alcança

Nasceu então a esperança

Que de tédio já se farta

No farto ditado maldito

Esperando, desesperado

Com sonhos a esperança

Já se foi o esperado

E o tempo com esperança finda

Esperando foi-se sem saber

Que o segredo da esperança

Não existe...

sábado, 15 de maio de 2010

SINA




O sol raiando

O frio cortando os ossos

Púrpura e lilás cortam o céu

Sonho errante, homem andante

A brisa fria corta-lhe a face

O sol nascente não sacia

A sede dos ossos seus

Errante o homem caminha aturdido

No frio que corta-lhe

Como o beijo da Dama Eterna

Púrpura e lilás o céu já não o é

Enegrecido pelo frio e pelo tempo

Aturdido pela fria lança

Repousa o errante

Nos braços da bela Dama

O frio lhe consome

O sol renasce novamente

E o céu em púrpura e lilás

quinta-feira, 13 de maio de 2010

DESCENDÊNCIA



Lírios brotam a margem do pântano
Esperança de um novo recanto de luz
Tenho medo do recomeço
Iniciar uma nova jornada
Carvalhos antigos já não possuem esperanças
Impulsionada pela vida a semente retraída germina
Apascenta meu coração nobre Carvalho
Pertinente é o momento jovem semente
Esperança de futuro ainda latente
Toma teu destino em tuas mãos
Rogo uma prece a ti Nobre Carvalho
Opere milagres, levanta-te, ergue tua cabeça
Coroa com glória tua floresta
Honra teus descendentes e tuas sementes
Esvai-se a vida, germina a semente, latente
Longe é o horizonte
Longe é o futuro.
Ignóbil passado, jardineiro...
Flores em minhas lembranças somente em teus canteiros
Esperança semente latente, carrega, afaga minha descendência
Rompe o tempo e a vida
Resgata a imponência de outrora adormecida
Esquecida a éons no fundo lar cromossômico
Invejar-te-ei nobre filha por teus méritos futuros
Rainha soberana vinda de latente semente
Agora é teu momento, jaz aqui meu alento.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

NOVO TEMPO



Doravante a terra
Amada seja por ti
Naufraguem todas as gôndolas
Inundando o mundo de luz
Lamentem os infiéis
Oriundos do ventre amável
Quisera eu, o mais infiel
Único de minha raça
Esperar de ti senhor que inunda o mundo
Impuro, derrotado e sombrio
Regozijar-me e ser merecedor.
Olhe- me doce senhor e sorrindo
Zombe das trevas dos infiéis trazendo-me novamente a luz.

terça-feira, 11 de maio de 2010

NOBRE PRAGA URBANA




Na praça abandonada pelo tempo
Onde a grama se faz alta
E as migalhas no chão são fartas
Lá onde o cavaleiro errante, rígido vive
Sobre seu cavalo de pedra a galopar
Arrulha o pombo, antes nobre
Arrulha o pombo em namoro constante
Dezenas e milhares de nobres a praga
Praga urbano, fartando-se de migalhas humanas
O cavaleiro a fitar sem ao menos imaginar
O pombo que na praça arrulha ao fartar-se
Como que rindo de sua sina
Nobre praga por em seu habitat não estar
Sobre o cavaleiro errante a pousar
Arrulhando a defecar.

domingo, 9 de maio de 2010

CANTO A OLINAD



Ainda que as sombras habitassem meu dia,
Teu sorriso, Anjo! Seria minha estrela guia.
Teus olhos brilhantes como safiras
Dariam-me a visão, doce Elfo.
Eu caminharia sem medo.
Sem medo, e de olhos fechados.
Tua voz é melodia que encanta,
Assim como a flauta de Pã.
Teu sorriso é luz.
Assim como o sol de Apolo.
E teus lábios... doces como o néctar.
Néctar da Deusa Mãe.
Salve filho do Sol e da Lua,
Deixe-me habitar teu coração.
Anjo; Elfo; Melodia; Luz.
Fonte de vida, deixe-me provar.
Provar de teu néctar doce Anjo,
Mais uma vez e provar-te-ei,
Que sou digno de tua companhia.

sábado, 8 de maio de 2010

AMOR SOMBRIO


Ainda que a noite finde sem uma nova aurora
Nada fará a felicidade sucumbir às trevas
De cada ponto vivente no céu
Renascerá a luz do próprio amor
Embora distante a luz galgará as trevas
Dentro de meu coração
Ouço o sussurro da brisa
Vejo que o amor luminoso fala aos meus ouvidos
Ainda que a cegueira persista
Levando dor e sofrimento nesta escuridão
Levantarei os olhos absortos nas trevas
Esperarei e tecerei uma prece em meu coração
Magnânimo amor habite meu íntimo sombrio
Amorável sentimento traga-me luz!!!
Nesse momento sei que sou abençoado
Sobre lótus de luz meu novo eu renasce
Amado companheiro, amada luz
Novamente habitas meu íntimo
Outrora me vejo feliz, amorável amor.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

CONSTATAÇÃO



Em um dia como esse em que as manhãs são extremamente longas, minha gata estirada sobre a cama, o som do Mario Bros vindo da TV, carros na rua, uma ansiedade doida por falta de nicotina no organismo, é que me vem esses momentos estranhos.
Penso em tudo que já passou e chego à triste constatação não plantei nenhuma árvore, não escrevi nenhum livro e não tenho filhos; logo sou uma simples folha seca voando ao vento esperando tocar o chão e ser consumida pelo tempo.
Com o passar dos anos o sol escaldante irá castigar alguma cabeça desprotegida e não haverá a sombra da árvore que não plantei para socorrê-lo, com o tempo citações serão feitas, saraus realizados e lá também não haverá ninguém para recitar um verso do livro que não escrevi.
Sou totalmente mortal talvez mais mortal que qualquer ser, porque a imortalidade reside em estar para sempre na memória de alguém quando partirmos, eu não terei esse alguém, não tive filhos dos quais esses jamais poderão se lembrar de mim e contar como fui aos meus netos já que esses jamais existiram.
O que me resta são os últimos anos de minha vida, minha gata estirada a cama, uma velhice vazia e a mais pura ausência...

terça-feira, 4 de maio de 2010

QUERIDA



Ah querida! Que em sonhos chamei
Vagando pelo mundo, afagando outro alguém
Volta a tua origem e rega meu penar
Faz minha relva renascer e meu riacho faz chiar
Ah querida! Que de tanto te chamar
Minha voz enrouquecida, com tuas lágrimas vem saciar
Afagas o meu chão que triste já se parte
De saudade não me agüento, meu rebanho faz minguar
Ah querida! Minha esperança ainda é plena
Toda a noite está a sonhar
Minha relva enverdecida e meu riacho a cantar
Meu rebanho agradecido meu chão a te saudar
Meu peito apertado, minhas mãos diante o céu
Agradeço minha querida, por um dia tu voltar
E nesse dia sem motivo, aqui em minha terra tu chorar
Sorrindo eu te abraçarei por tuas lágrimas me tocar
De joelhos agradecerei por meu riacho novamente cantar
Ah minha querida!

quarta-feira, 17 de março de 2010

ALAGA


Na margem oposta do rio
Lá onde a visão turva
Mora um pescador
Ele toca a face do rio com seus pés
Afaga e acalenta o frio rio
Nessa margem do rio
Aqui onde a visão torna-se turva
Mora um pescador
Ele toca a face do rio com os pés
Afaga e acalenta o rio frio
E unidos pelo rio, separados pelas águas
Olham-se na turva visão

domingo, 28 de fevereiro de 2010

LUXÚRIA



Deixe-me devorar teus lábios,
Possuir teu corpo
Navegar em teu oceano
Consumir tua luxúria
E converter tua alma em prazer.
Velejar, viajar...

Caminhar sobre teus campos
Campos de prazer profundo
Meus lábios tocando teu sal
Sal na pele nua
Retesada de prazer.

Colher tuas gotículas de luxúria
Que deslizam sobre teu corpo
Sussurrar ao pé de teu ouvido
Meu corpo sobre teu corpo
Como almas gêmeas
Como Naus irmãs

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Ensaio



Diante do fogo sagrado
Em profunda devoção
As salamandras se entrelaçaram e
Juntas em um balé flamejante,
Tornam-se um único ser em seus corações.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

NEURA



Pinga o pingo incessante

Pingando, pingando, dormente, latente

Pinga o pingo incessantemente

De tanto pingar o pingo jah é vida

Que do fio desliza e pingando na terra aterrissa

Corre o pingo que do fio a vida fia

Pinga, fia, rola, desafia

Incessante o pingo pinga e fia

Deixando a mente dormente em estado latente

O pingo que fia não mais tece

Não mais fia

Apenas pinga, pinga, pinga...

No fio da vida pinga o pingo

Que tecia e fiava

Latente e dormente incessantemente

Na minha mente demente

Onde o pingo pia, sobre a pia.