sexta-feira, 28 de maio de 2010

DOCE BEIJO




Oh, Esteno
Que de meus sonhos
Revela-me a face oculta do ser
No vale dos ossos andei
A face da morte afaguei
Sina cruel a minha
Condenado ao beijo da Dama
E escravo de suas citações
Um mortal, vagando entre os mundos
Mensageiro derradeiro de seu beijo
Oh, Esteno
Em meus sonhos faz-se presente
Dama de doce face
Ceifeira de sonhos
Amiga e algoz
Condenado a ser mensageiro
Mensageiro de teus beijos
Esperando de ti meu próprio beijo
Em minha face tocar
Oh, Esteno..

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Idéia!!




Não tenho idéia.
O que vou escrever?
Sílabas, letras, palavras...
Tantas possibilidades,
E nem uma inspiração.
Ó dúvida cruel!
Já sei, lápis é um boa palavra...
... E daí, não dá poema.
Pode no máximo dar pobrema,
Pobrema de grafia.
Meu Deus! Pobrema...?
... voltando. Lápis e borracha dá poema.
Um escreve e a outra apaga.
Para ser consertado.
Afinal é concerto ou conserto?
Não importa, a borracha está aí.
Apagar e "concertar".
Só não posso apagar meu passado.
Bem, então vou seguindo,
Entre erros e acertos.
Nessa vida de lápis e borracha.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Metamorfose




Às vezes sou gato outras cão

Em outros momentos sou apenas o vento

Para simplesmente poder tocar tua face

Às vezes tempestade que devora o solo

Erosão que consome o coração desolado

Levando a loucura o pobre desabrigado

Às vezes sol que aquece o oprimido

E castiga o desatento

Cravando meus raios até os ossos

Ressecando a alma e fazendo dos sonhos pó

Às vezes carnívoro para devorar-te até os ossos

E provar de tua doce seiva vital

Outras vezes apenas uma criança

Querendo colo e atenção

Assim às vezes sou eu

Uma metamorfose, um ser amorfo

Perdido dentro de um corpo mórfico

Ás vezes...

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Fator Esperança




De esperar morreu o sonho

Na esperança do dito maldito

Quem espera sempre alcança

Nasceu então a esperança

Que de tédio já se farta

No farto ditado maldito

Esperando, desesperado

Com sonhos a esperança

Já se foi o esperado

E o tempo com esperança finda

Esperando foi-se sem saber

Que o segredo da esperança

Não existe...

sábado, 15 de maio de 2010

SINA




O sol raiando

O frio cortando os ossos

Púrpura e lilás cortam o céu

Sonho errante, homem andante

A brisa fria corta-lhe a face

O sol nascente não sacia

A sede dos ossos seus

Errante o homem caminha aturdido

No frio que corta-lhe

Como o beijo da Dama Eterna

Púrpura e lilás o céu já não o é

Enegrecido pelo frio e pelo tempo

Aturdido pela fria lança

Repousa o errante

Nos braços da bela Dama

O frio lhe consome

O sol renasce novamente

E o céu em púrpura e lilás

quinta-feira, 13 de maio de 2010

DESCENDÊNCIA



Lírios brotam a margem do pântano
Esperança de um novo recanto de luz
Tenho medo do recomeço
Iniciar uma nova jornada
Carvalhos antigos já não possuem esperanças
Impulsionada pela vida a semente retraída germina
Apascenta meu coração nobre Carvalho
Pertinente é o momento jovem semente
Esperança de futuro ainda latente
Toma teu destino em tuas mãos
Rogo uma prece a ti Nobre Carvalho
Opere milagres, levanta-te, ergue tua cabeça
Coroa com glória tua floresta
Honra teus descendentes e tuas sementes
Esvai-se a vida, germina a semente, latente
Longe é o horizonte
Longe é o futuro.
Ignóbil passado, jardineiro...
Flores em minhas lembranças somente em teus canteiros
Esperança semente latente, carrega, afaga minha descendência
Rompe o tempo e a vida
Resgata a imponência de outrora adormecida
Esquecida a éons no fundo lar cromossômico
Invejar-te-ei nobre filha por teus méritos futuros
Rainha soberana vinda de latente semente
Agora é teu momento, jaz aqui meu alento.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

NOVO TEMPO



Doravante a terra
Amada seja por ti
Naufraguem todas as gôndolas
Inundando o mundo de luz
Lamentem os infiéis
Oriundos do ventre amável
Quisera eu, o mais infiel
Único de minha raça
Esperar de ti senhor que inunda o mundo
Impuro, derrotado e sombrio
Regozijar-me e ser merecedor.
Olhe- me doce senhor e sorrindo
Zombe das trevas dos infiéis trazendo-me novamente a luz.

terça-feira, 11 de maio de 2010

NOBRE PRAGA URBANA




Na praça abandonada pelo tempo
Onde a grama se faz alta
E as migalhas no chão são fartas
Lá onde o cavaleiro errante, rígido vive
Sobre seu cavalo de pedra a galopar
Arrulha o pombo, antes nobre
Arrulha o pombo em namoro constante
Dezenas e milhares de nobres a praga
Praga urbano, fartando-se de migalhas humanas
O cavaleiro a fitar sem ao menos imaginar
O pombo que na praça arrulha ao fartar-se
Como que rindo de sua sina
Nobre praga por em seu habitat não estar
Sobre o cavaleiro errante a pousar
Arrulhando a defecar.

domingo, 9 de maio de 2010

CANTO A OLINAD



Ainda que as sombras habitassem meu dia,
Teu sorriso, Anjo! Seria minha estrela guia.
Teus olhos brilhantes como safiras
Dariam-me a visão, doce Elfo.
Eu caminharia sem medo.
Sem medo, e de olhos fechados.
Tua voz é melodia que encanta,
Assim como a flauta de Pã.
Teu sorriso é luz.
Assim como o sol de Apolo.
E teus lábios... doces como o néctar.
Néctar da Deusa Mãe.
Salve filho do Sol e da Lua,
Deixe-me habitar teu coração.
Anjo; Elfo; Melodia; Luz.
Fonte de vida, deixe-me provar.
Provar de teu néctar doce Anjo,
Mais uma vez e provar-te-ei,
Que sou digno de tua companhia.

sábado, 8 de maio de 2010

AMOR SOMBRIO


Ainda que a noite finde sem uma nova aurora
Nada fará a felicidade sucumbir às trevas
De cada ponto vivente no céu
Renascerá a luz do próprio amor
Embora distante a luz galgará as trevas
Dentro de meu coração
Ouço o sussurro da brisa
Vejo que o amor luminoso fala aos meus ouvidos
Ainda que a cegueira persista
Levando dor e sofrimento nesta escuridão
Levantarei os olhos absortos nas trevas
Esperarei e tecerei uma prece em meu coração
Magnânimo amor habite meu íntimo sombrio
Amorável sentimento traga-me luz!!!
Nesse momento sei que sou abençoado
Sobre lótus de luz meu novo eu renasce
Amado companheiro, amada luz
Novamente habitas meu íntimo
Outrora me vejo feliz, amorável amor.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

CONSTATAÇÃO



Em um dia como esse em que as manhãs são extremamente longas, minha gata estirada sobre a cama, o som do Mario Bros vindo da TV, carros na rua, uma ansiedade doida por falta de nicotina no organismo, é que me vem esses momentos estranhos.
Penso em tudo que já passou e chego à triste constatação não plantei nenhuma árvore, não escrevi nenhum livro e não tenho filhos; logo sou uma simples folha seca voando ao vento esperando tocar o chão e ser consumida pelo tempo.
Com o passar dos anos o sol escaldante irá castigar alguma cabeça desprotegida e não haverá a sombra da árvore que não plantei para socorrê-lo, com o tempo citações serão feitas, saraus realizados e lá também não haverá ninguém para recitar um verso do livro que não escrevi.
Sou totalmente mortal talvez mais mortal que qualquer ser, porque a imortalidade reside em estar para sempre na memória de alguém quando partirmos, eu não terei esse alguém, não tive filhos dos quais esses jamais poderão se lembrar de mim e contar como fui aos meus netos já que esses jamais existiram.
O que me resta são os últimos anos de minha vida, minha gata estirada a cama, uma velhice vazia e a mais pura ausência...

terça-feira, 4 de maio de 2010

QUERIDA



Ah querida! Que em sonhos chamei
Vagando pelo mundo, afagando outro alguém
Volta a tua origem e rega meu penar
Faz minha relva renascer e meu riacho faz chiar
Ah querida! Que de tanto te chamar
Minha voz enrouquecida, com tuas lágrimas vem saciar
Afagas o meu chão que triste já se parte
De saudade não me agüento, meu rebanho faz minguar
Ah querida! Minha esperança ainda é plena
Toda a noite está a sonhar
Minha relva enverdecida e meu riacho a cantar
Meu rebanho agradecido meu chão a te saudar
Meu peito apertado, minhas mãos diante o céu
Agradeço minha querida, por um dia tu voltar
E nesse dia sem motivo, aqui em minha terra tu chorar
Sorrindo eu te abraçarei por tuas lágrimas me tocar
De joelhos agradecerei por meu riacho novamente cantar
Ah minha querida!